Mulheres e lobos



Aviso: textão. Me pediram pelo inbox.

O comercial abaixo já tem muito tempo, mas eu voltei a lembrar dele na semana passada. É o tipo de comercial que marca pela sua sutileza e sua força, pois é assim que nós mulheres somos. Sutis em nossa força, ou demonstramos a nossa força com sutileza.

E não é fácil ser mulher. Nunca foi. Podemos até lembrar da Wicca e de religiões de matriz africanas, em que a mulher não é um ser na última escala da evolução, mas em geral, mulher sempre foi chamariz, usada como ser reprodutor, e, em tempos de guerra, a vitima da arma mais cruel inventada pelo homem: o estupro. Sim, porque, em todos os tempos, essa é a arma de guerra mais destruidora que há. No tempo do império mongol (eu não me lembro do nome do imperador, na época), as vilas eram todas invadidas e saqueadas, e às mulheres era reservado o pior destino. O que elas faziam então? Quando se sabia que era cidade ou vila iria ser pilhado e destruído, elas se matavam.




Mas o meu intento neste post é falar de mulheres que lutam todos os dias. Que defendem seu território, seus filhos (suas crias). Mulheres lobos que lutam pela sua independência e liberdade. Estejam essas mulheres em que patamar for na sociedade, sejam elas faxineiras, copeiras, enfermeiras, professoras, médicas, advogadas, pilotos, jornalistas, repórteres, não importa.

Eu sonho com a mulher lobo que celebra sua beleza longe dos padrões, que não está nem aí para o que dita os "esquadrões da moda", que tem seu estilo, suas ideias, sua coragem de ser quem é. Que corre pelos seus objetivos, que não abaixa a cabeça, que não aceita cantada barata, nem flores que a comprem. Que diga um sonoro NÃO para quem quer colocá-la pra baixo, que não aceita relacionamento abusivo e que, finalmente, resolveu dar um basta no relacionamento abusivo, seja parental, seja de supostos amigos, de companheiros ou companheiras.

Eu celebro essa mulher. E não é fácil se tornar essa mulher forte, bela e corajosa. Tem dias que a gente se sente assim. Tem dias que a gente se sente um lixo, usada, vilipendiada, silenciada. Tem dias que a gente grita por dentro de tanta covardia que vê por aí, a gente chora em solidariedade por tantas outras mulheres que apanham e morrem nas mãos covardes dos seus companheiros. A gente chora quando vê tantas trans, bi, lésbicas serem expulsas de casa por serem quem são. A gente grita por dentro, de revolta e raiva por tanta misoginia, por ter ainda uma parcela de machos e até mulheres que, sem querer encarar a realidade, dizem que estamos de "mimimi". A gente sangra quando vê meninas que não podem estudar, que acabam sujeitas a relacionamentos com homens com idade de serem seus pais ou avós. A vida não é uma fábula. Há dias bons e dias ruins. Eu celebro a mulher por todos os seus dias. Eu sou fã da mulher que é ela mesma, gorda, magra, negra, branca, índia, asiática.
E eu desejo, todos os dias, que as mulheres sejam livres. Que corram como os lobos, voem como as águias, mas sejam simplesmente elas mesmas. Que este comercial te inspire. Beijo!


Comentários

Ruiva Cohen disse…
Adorei! Tanto o texto, quando o vídeo. Acho que todas nós já sentiram isso na pele.

Beijos
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